domingo, 30 de setembro de 2007

Treino Assertivo

Fonte: OTERO, V. R. L. Ensaio Comportamental. In: ABREU, C. N. e GUILHARDI, H. J. Terapia Comportamental e Cognitivo Comportamental: práticas clínicas. São Paulo: Roca, 2004.


Quais são os comportamentos assertivos?

Expressão de afetos e opiniões de modo direto e a conquista de um tratamento justo, igualitário, e livre de demandas abusivas.
Expressão de sentimento, vontades...
Fazer solicitações, etc.
Não conseguem se aproximar de determinadas pessoas (patrão, familiares, professores, etc.) ou lhes dirigir a palavra.
Não vão a determinados lugares.
Não desempenham algumas funções e papéis sociais (solicitar informações, assinar cheques, procurar emprego, propor namoro, etc.)
Estas pessoas sofrem porque não conseguem dizer o que querem ou sentem.

ASSERTIVIDADE
Conjunto de habilidades de interação social que permitem a expressão de vontades, de opiniões ou de sentimentos. Diz-se que um comportamento é assertivo quando ele pode ser categorizado como apropriado, adaptativo ou socialmente aceito

O comportamento assertivo é:
Interpessoal e envolve a expressão genuína, honesta e relativamente direta de pensamentos e sentimentos
Socialmente apropriado de acordo com a sociedade que está inserido
Aquele que, quando emitido, leva em consideração os sentimentos e o bem estar dos outros
Diferente do comportamento agressivo pois não é socialmente repreensível, não é coercivo e não desconsidera os direitos de outra pessoa.

O ensaio comportamental ou role-play

Procedimento para ensinar comportamentos por meio de treinamentos.
Uma técnica para desenvolver comportamento assertivo.
Inspirada em Moreno - Psicodrama

Wolpe (1982)
Comportamentos de preocupação e medo são aprendidos a partir da interação com modelos autoritários durante o desenvolvimento e inibem as respostas espontâneas e naturais da pessoa, que deixa de expressar suas emoções, evita contatos visuais diretos e teme apresentar suas opiniões aos outros.

Conceito
É um tipo de representação teatral na qual simulam-se situações reais da vida da pessoa nas quais ela apresenta algum grau de dificuldade. No ensaio comportamental, terapeuta e cliente representam seqüências de interações sociais já vividas ou a serem enfrentadas futuramente pela pessoa.

Terapeuta como modelo: ele pode desempenhar o papel do próprio cliente ou de outra pessoa significativa no contexto.

Inversão de papéis: alternância de papéis representados por cada um

Procedimento (passos para aplicação da técnica)
Descrição da situação problema
Decompor uma seqüência comportamental
Dar instruções ou modelos de desempenho
Representar a cena
Dar dicas sobre o desempenho
Inverter papéis
Reapresentar
Reavaliar desempenho
Programar generalização
Avaliar o desempenho na situação real na sessão seguinte

O ensaio comportamental inclui também:
Treino no reconhecimento de respostas passivas, agressivas e assertivas.
Identificação das situações onde o cliente inibe respostas de auto-expressão, mostrando submissão ou agressividade.
Treino de respostas adequadas (role-playing).

O que o terapeuta deve destacar:
Emitir respostas adequadas à situação, ao nível de intimidade e ao tipo de relação com o interlocutor.
Usar tom de voz apropriado, claro e calmo para evitar respostas defensivas (favorece respostas de aceitação do outro e disposição para diálogo).
Expressar os próprios sentimentos na situação, em vez de apontar comportamentos inadequados dos outros.

Exemplo: dizer "eu me sinto constrangido ao ouvir esse tipo de comentário sobre mim"; ao invés de: "você está sendo inadequado ao me dizer isso"

Descrever claramente o que deseja da outra pessoa ao invés de sugerir vagamente uma mensagem
Evitar suposições sobre possíveis motivos que os outros teriam para tratá-lo de uma ou de outra maneira. Supor leva à conclusão que se sabe o motivo do outro e isso leva a enganos, impede o diálogo e o esclarecimento.

Solicitação assertiva adequada:
"Eu me sinto _________________ quando você __________________: eu gostaria muito que você pudesse_____________."

Princípios Utilizados
Instrução
Modelação
Modelagem

Análise de Conteúdo - FRANCO, Maria L. P. B.

Introdução

Há muito tempo preocupa-se com a análise de conteúdo de mensagens, discursos e informações.
Compreensão e interpretação das "mensagens de Deus"
1640 – análise do conteúdo de 90 hinos religiosos para detectar a possibilidade de terem efeitos nefastos sobre os luteranos.
No século XIX, a expressão verbal , seus enunciados e suas mensagens passam a ser vistos como indicadores para a compreensão de algumas questões humanas.
A análise de conteúdo ainda era predominantemente descritiva sem a incorporação de recursos analíticos e interpretativos.

Lingüística vs Análise de Conteúdo
Aparentemente possuem o mesmo objeto: a linguagem
O objeto da lingüística é a língua (estuda a língua para descrever o seu funcionamento)
Independe do sentido do discurso, das variações individuais ou sociais.
O objeto da análise de conteúdo é a palavra. Procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça.

Objeto da Análise de Conteúdo
Estudo da comunicação oral, escrita e figurativa, bem como nas tarefas de descrição, análise e interpretação das mensagens/enunciados emitidos por diferentes indivíduos ou grupos.

O que mais devemos levar em conta
As bases teóricas e metodológicas da a.c.
O contexto social da sua produção
A influência manipuladora, ideológica e idealizada presentes em muitas mensagens
Os impactos que provocam
Os efeitos que orientam muitos comportamentos
Condições históricas, sociais mutáveis que influenciam crenças, conceitos e representações sociais elaboradas e transmitidas via mensagens, discursos e enunciados.
Análise documental

Uso inicial da a.c.
Análise de dados "naturais" ou "disponíveis"
Ex: jornais, livros, documentos oficiais e pessoais
Atualmente
A a.c. passou a ser utilizada para produzir inferências acerca de dados verbais obtidos a partir de perguntas e observações de interesse do pesquisador
Bases teóricas da Análise de Conteúdo (cap.1)

A a.c. trabalha com MENSAGENS que expressam significados e um sentido:
Verbal (oral ou escrita)
Gestual
Silenciosa
Figurativa
Documental
Diretamente produzida

O sentido não pode ser considerado um ato isolado
"os diferentes modos pelos quais o sujeito se inscreve no texto correspondem a diferentes representações que tem de si mesmo como sujeito e do controle que tem dos processos discursivos textuais com que está lidando quando fala ou escreve"

Condições Contextuais
A emissão das mensagens está necessariamente vinculada ao contexto dos seus produtores.
Evolução histórica da humanidade
Situação econômica e socioculturais
O acesso aos códigos lingüísticos
Competência para saber decodificá-los
Componentes ideológicos construídos socialmente
Resultado: expressões carregadas de componentes cognitivos, afetivos, valorativos e historicamente mutáveis.

Linguagem na a.c.
Construção real de toda a sociedade
Expressão da existência humana em diferentes momentos históricos
Se distancia de uma concepção formalista da linguagem (valor exagerado às palavras)
"Na lingüística tradicional, a condenação de todo recurso ao sentido das mensagens elevou a palavra como um dos componentes indispensáveis para o tão almejado rigor científico em relação à descrição das estruturas da língua"

A Semântica para a a.c.
É a busca descritiva, analítica e interpretativa do sentido que um indivíduo (ou diferentes grupos) atribuem às mensagens verbais ou simbólicas.
Ex. O sentido da palavra LIVRO
Leitores "eruditos" e leitores "comuns"
Leitores alfabetizados e os não alfabetizados.
Descobertas devem possuir relevância teórica
O conteúdo de uma mensagem deve estar relacionado com outros dados
Deve ser representado por uma teoria.
A a.c. implica em comparações contextuais

Comparação e Classificação
Entendimento de semelhanças e diferenças
EXIGE:
Compreensão dos enunciados a serem classificados
Julgamento comparativo
A abstração do significado e do sentido das mensagens
Inferência das categorias classificatórias
"Sem dúvida esta empreitada é tipicamente intelectual"

Características Definidoras(cap.2)
A a.c. permite fazer inferências
Inferimos sobre qualquer elemento da comunicação com base nas mensagens:
O que se fala?
O que se escreve?
Com que intensidade?
Com que freqüência?
Que tipo de símbolos figurativos são utilizados para expressar idéias?
E os silêncios?
E as entrelinhas?

Elementos que compõe uma comunicação (fig.)
Uma fonte ou emissão (quem?)
Um processo codificador (por que?) que resulta em
Uma mensagem (o que?) que se utiliza de um canal de transmissão:
Um receptor (ou detector da mensagem – para quem?), e seu receptivo
Processo decodificador (com que efeito?)

Propósito da a.c. é analisar mensagens para produzir inferências
As características do texto
As causas e/ou antecedentes da mensagem
Os efeitos da comunicação

Não é uma mera descrição das características da mensagem

Pressupostos básicos no trabalho do conteúdo do ponto de vista do produtor
Toda mensagem contém muitas informações sobre seu autor:
Suas filiações teóricas
Concepções de mundo
Interesses de classe
Traços psicológicos
Representações sociais
Motivações
Expectativas

O autor é um selecionador e a seleção não é arbitrária
Seleciona o que considera mais importante para "dar o seu recado"
Está condicionado pelos interesses de sua época, ou da classe a que pertence
É formado no espírito de uma teoria (nem necessariamente erudita e nem necessariamente popular)

A teoria do autor orienta sua concepção da realidade
Esta concepção é filtrada mediante seu discurso e resulta em implicações importantes para quem se propõe fazer análise de conteúdo.
O ponto de vista do receptor
Para inferir os efeitos que determinada mensagem causa ou pode causar.

Qual é o impacto que determinada mensagem causa no receptor?
Efeitos de propagandas políticas?
Efeitos de livros didáticos como elementos de veiculação ideológica?
Programas de televisão?
Manchetes dos jornais? etc.


O ponto de vista do receptor
Uma questão...
Podemos esbarrar com o processo de decodificação do receptor que pode diferir do processo de decodificação do analista de conteúdo...
Não devemos descartar este tipo de pesquisa mas devemos lembrar que apresentam esta dificuldade especial.
O ideal: Uma pesquisa com as inferências do investigador, e outra que possa checá-las junto aos possíveis receptores.

O ponto de vista do receptor

A análise deve sempre partir do conteúdo manifesto e explícito das comunicações emitidas (para não cairmos no risco de efetuar análises meramente subjetivas)
Por outro lado... Não devemos descartar a possibilidade de realizar uma sólida análise acerca do conteúdo "oculto" das mensagens e de suas entrelinhas (conteúdo latente)

"o que está escrito, falado, mapeado, figurativamente desenhado (...) será o ponto de partida para a identificação do conteúdo manifesto (seja ele explícito ou latente). A análise e a interpretação dos conteúdos obtidos enquadram-se na condição dos passos (ou processos) a serem seguidos. (...) para o efetivo ‘caminhar neste processo’, a contextualização deve ser considerada como um dos principais requisitos, e, mesmo, ‘o pano de fundo’ no sentido de garantir a relevância dos resultados a serem divulgados (...)"

Inferência
Constitui a finalidade de uma análise de conteúdo
Se infere sobre qualquer elemento do processo de comunicação (fig.):
Fonte emissora
Processo codificador
Mensagem
Receptor
Processo decodificador

O analista trabalha com vestígios : manifestações de estados, de dados, e de fenômenos.
O analista tira partido do tratamento dos dados que manipula para inferir (de maneira lógica) conhecimentos que extrapolem o conteúdo manifesto nas mensagens e que podem ser associados a outros elementos (emissor, condições de produção, seu meio).

Confere relevância teórica à a.c.
Implica em fazer comparações: o conteúdo de uma mensagem só terá sentido se for relacionado a outros dados (alguma forma de teoria)


Ex. Em um discurso sobre "o papel do educador" – o analista deve ser capaz de descobrir qual é o referencial teórico embutido no discurso a ser analisado.

Inferência
Deve comparar também:
O papel de uma mensagem em diferentes situações, em diferentes momentos, e para diferentes audiências.
Com a opinião de outros especialistas no sentido de garantir a fidedignidade e validade do conteúdo analisado.

Os campos da análise de conteúdo(cap.3)

Métodos Lógico-Semânticos(campo central da análise de conteúdo)
Não se dedica à análise da estrutura formal de um texto.
O conteúdo manifesto (ou imediatamente acessível) é seu ponto de partida.
Aplicação à variadas modalidades de texto
Busca compreensão do sentido
Delineamento de um plano de pesquisa
Plano para coletar e analisar os dados a fim de responder à pergunta do pesquisador, que inclui:
Selecionar amostra de dados para análise
Criar categorias de conteúdo
Comparar categorias
Quais são as inferências que posso extrair dos dados?
"Em suma, um bom plano garante que teoria, coleta, análise, e interpretação de dados estejam integrados."
Analogia entre um plano de pesquisa e o projeto de uma construção de uma casa


"Sem um projeto, materiais de construção poderão ser reunidos, mas não haverá orientação alguma quanto ao tipo ou quantidade necessários. Carpinteiros pedreiros e encanadores poderão reunir tais materiais, mas cada um deles terá uma concepção diversa da estrutura que deverão erigir.
A casa resultante de gastos inúteis, de esforços desnecessários e de materiais inadequados é muito provável que venha a ser disfuncional. Tanto na casa, quanto na análise de conteúdo sem um bom plano, antecipado e consistente, pode ser difícil descobrir qualquer uso para o produto final."


As unidades de análise (cap.4)
Elas se dividem em:
Unidades de Registro
Unidades de Contexto

As unidades de registro
Parte do conteúdo cuja ocorrência será registrada de acordo com as categorias levantadas
Pode ser:
A palavra
O tema
O personagem
O item

1. A Palavra (tipo de unidade de registro)
Caracterização: menor unidade de registro.
Pode ser: palavra oral ou escrita, um símbolo ou um termo.
Campos de atuação: estudos de fidedignidade para determinar facilidade ou dificuldade de compreensão de material escrito; estudos para detectar freqüência de certos termos na imprensa; pesquisas de estudos literários; pesquisas no campo da psicoterapia.
Limitações: volume de dados

2. O Tema
Definição: afirmações sobre determinado assunto. Pode ser: simples sentença, conjunto delas ou um parágrafo.
Incorpora o aspecto pessoal atribuído pelo sujeito acerca do significado de uma palavra e/ou sobre conotações atribuídas a um conceito.
Envolve componentes racionais, ideológicos, afetivos e emocionais.
Obtemos um grande número de respostas permeadas por diferentes significados e devemos interpretar e analisá-las em seu sentido individual e único.
Campos de atuação: estudos sobre propaganda, representações sociais, opiniões, expectativas, valores, conceitos, atitudes e crenças.
Limitações: tempo exigido para coleta de dados e os limites não são facilmente identificáveis.
O analista precisa ser capaz de reduzir uma sentença em seus temas componentes para poder classificá-las em suas respectivas categorias.

3. O Personagem
Definição: são pessoas particulares que podem ser classificadas de acordo com diferentes indicadores: nível socioeconômico, sexo, etnia, educação, escolaridade, nacionalidade, religião, etc.
Indispensável para a contextualização dos dados
Não há limitações
Campos de atuação: análises de autores de histórias, de dramas, de biografias, de programas de TV, de filmes, etc...

4. O Item
Definição: usamos esta unidade de registro quando um material pode ser caracterizado a partir de atributos definidores.
Ex. Que assunto é privilegiado no livro? Do que se trata? Economia doméstica? Turismo?
Permite detectar os atributos implícitos em diferentes mensagens
Limitações:
Problemas de classificação dos atributos em duas ou mais categorias
Ex. "Tempos Modernos" de Carlitos.
"Embora (...) os tipos de unidades de registro tenham sido apresentados como unidades estanques e, provavelmente, interpretadas como independentes, vale levar em conta que não existe nenhuma razão plausível para endossar que um estudo particular se utilize, apenas, de um tipo de unidade de registro.
Ao contrário, elas podem ser combinadas, compartilhadas e inter-relacionadas para garantir a possibilidade de realização de análises e interpretações mais amplas e que levem em conta as variadas instâncias de sentido e de significado implícitos nas comunicações orais, escritas ou simbólicas."

As Unidades de Contexto
É o pano de fundo que imprime significado às unidades de análise
Podemos obter dados que explicitem a caracterização dos informantes
É a parte mais ampla do conteúdo a ser analisado
Deve ser considerada e tratada como a unidade básica para a compreensão da codificação da unidade de registro .
As Unidades de Contexto
É necessário fazer referências ao contexto próximo ou longínquo da unidade a registrar
Vários codificadores trabalhando num mesmo corpus: necessidade de um acordo prévio para recuperar os diferentes contextos das mensagens.
"Incorporando as unidades de registro, as unidades de contexto podem ser explicitadas via confecções de tabelas de caracterização (sempre acompanhadas de suas devidas análises); podem ser relatadas sob forma de histórias de vida, de depoimentos pessoais, de um conjunto de palavras, de um parágrafo ou mesmo de algumas sentenças. O importante é ressaltar que qualquer que seja a forma de explicitação, fique claro o contexto a partir do qual as informações foram elaboradas, concretamente vivenciadas, e transformadas em mensagens personalizadas, socialmente construídas, e expressas via linguagem (...)"
A organização da análise (cap.5)
Após a definição das unidades analíticas
(de registro e de contexto)

A PRÉ ANÁLISE
Fase de organização do material
Primeiros contatos com o material – "intuições"
Sistematizar os dados, constituir um esquema
Permite a elaboração do plano de análise
Tarefas da pré-análise
Escolha dos documentos
Formulação das hipóteses e/ou objetivos
Elaboração de indicadores que fundamentem a análise final
Estas tarefas não são seguidas necessariamente nesta ordem e são estreitamente ligadas

As atividades da pré-análise:

a. A leitura "flutuante"
São os primeiros contatos com os materiais...
Nesta fase podemos nos deixar invadir por impressões, representações, emoções, conhecimentos e expectativas.

"esta fase é chamada de leitura flutuante, por analogia com a atitude do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai se tornando mais precisa, em função das hipóteses emergentes, da projeção de teorias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas com materiais análogos"

b. A escolha dos documentos
Pode ser definida a priori
Uma secretária de estado solicita a um grupo de especialistas que explorem a analisem os recortes divulgados pela imprensa acerca dos dados referentes às condições infra-estruturais das instituições de ensino público, ou sobre os dados e as mensagens comentadas sobre os índices de evasão e repetência de um determinado nível de ensino.
b. A escolha dos documentos
Ou pode ser definida a partir dos objetivos determinados pelo pesquisador
O objetivo é detectar as representações sociais que professores e alunos desenvolvem sobre as práticas educativas (em geral) e sobre a avaliação educacional. Opta-se, então, pela análise dos discursos e das mensagens que incidam sobre o tema escolhido.
b. A escolha dos documentos

A CONSTITUIÇÃO DO CORPUS
"Conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos. A sua constituição implica escolhas, seleções e regras"

Regras para seleção do corpus
Regra da Exaustividade
É preciso considerar todos os elementos do corpus mesmo com a dificuldade de acesso.
Configurar e esclarecer o contexto contido nas mensagens

Regra da Representatividade
Material volumoso: selecionar uma amostra
A amostra deve ser representativa para que os resultados possam ser generalizados
É preciso identificar a distribuição das características dos elementos da amostra
Universo Heterogêneo: amostra maior
Universo Homogêneo: amostra menor
Ao acaso ou por quotas
As vezes é melhor reduzir o universo – garantir maior relevância, maior significado e maior consistência ao estudo em questão

Regra da homogeneidade
Os documentos devem ser homogêneos
Exemplo: "as entrevistas realizadas para captar mensagens sobre um determinado tema devem (todas elas) conter questões que se refiram ao tema escolhido; as respostas dadas às questões formuladas devem ser obtidas mediante a utilização de técnicas semelhantes em situações, igualmente, semelhantes; e devem, também, ser realizadas por indivíduos similares"
Para obter resultados globais e/ou comparar entre si resultados individuais
Esta regra não se impõe quando se trata da análise de conteúdo de um documento único e singular.

As atividades da pré-análise:

(c) a formulação das hipóteses
Hipótese: afirmação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou não) recorrendo aos procedimentos de análise
Ela permanece em suspenso enquanto não for submetida à prova de dados fidedignos.
Bases para sua formulação de hipóteses a priori: instância exterior aos dados; quadro teórico
Algumas análises podem ser efetuadas sem hipóteses pré-concebidas.
Isso não significa deixar de utilizar técnicas adequadas e sistemáticas para fazer "falar" o material selecionado para a análise
Primazia do quadro de análise sobre as técnicas, e vice-versa
Procedimentos exploratórios: o quadro de análise não está fechado embora incluam técnicas sistemáticas
São privilegiados em relação aos procedimentos fechados:
Observa-se as mensagens mediante o referencial de um determinado quadro teórico preestabelecido que não pode ser modificado.
Hipóteses implícitas
Importância das interpretações latentes: não estão estritamente ancoradas nas mensagens emitidas.
Devem ser consideradas informações importantes
Podem fornecer interpretações complementares valiosas
Constituem elementos úteis para a experimentação de novas hipóteses

As atividades da pré-análise:

(d) a referência aos índices e a elaboração de indicadores

Índice: menção explícita, ou subjacente, de um tema em uma mensagem
Quantas vezes uma temática é mencionada?

Indicador = freqüência do tema
Análise quantitativa da freqüência e proporcionalidade de sua menção em relação a outros temas presentes

Devemos dar atenção para temas "latentes", ou seja, mencionados de forma implícita: possibilita uma interpretação mais significativa
Após a escolha dos índices procede-se à construção de indicadores seguros e precisos.
Teste de alguns recortes de textos – pré-teste da análise.

Capítulo 6 - As Categorias de Análise


Definir Categorias (após a definição das unidades de análise) – ponto crucial da análise de conteúdo, é o que sustenta uma boa análise.
Processo longo, difícil e desafiante
Não existem fórmulas mágicas para orientar o analista
Não é aconselhável estabelecer passos apressados ou muito rígidos
O processo implica em muitas idas e vindas da teoria ao material de análise e vice versa
O pesquisador deve se basear em: conhecimentos, competência, sensibilidade e intuição

CATEGORIZAÇÃO:
É uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos.

Critérios de categorização:
Semântico
Sintático
Léxico
Expressivo

Caminhos que podem ser seguidos na elaboração de categorias:
1. CATEGORIAS CRIADAS A PRIORI:
As categorias e seus respectivos indicadores são predeterminados em função da busca a uma resposta específica do investigador.
Exemplo p. 58/59

CATEGORIAS CRIADAS A PRIORI:Implicações...
Supersimplificação e fragmentação do conteúdo manifesto
Espécie de "camisa de força" na fala dos respondentes
Procuro encaixar as respostas naquele sistema categórico pré-estabelecido
Caminhos que podem ser seguidos na elaboração de categorias:

2. AS CATEGORIAS NÃO SÃO DEFINIDAS A PRIORI
Emergem da "fala", do discurso, do conteúdo das respostas.
Implicam em constante ida e volta do material de análise à teoria.
Passos:
descrição do significado e do sentido atribuído por parte dos respondentes (para uma amostra)
classificação das convergências e respectivas divergências (para uma amostra)
Caminhos que podem ser seguidos na elaboração de categorias:

AS CATEGORIAS NÃO SÃO DEFINIDAS A PRIORI
Criação de um código para a leitura (sempre aberto a novas categorias) dos demais respondentes
Novas categorias vão sendo criadas, à medida que surgem nas respostas.
Interpretação à luz das teorias explicativas
Infere-se, nas diferentes falas, diferentes concepções de mundo, de sociedade, de escola, de indivíduo etc.
Exige mais bagagem teórica do pesquisador
Tendência de criar grande quantidade de categorias
Risco de abrir uma categoria para cada resposta, o que fragmenta o discurso e prejudica a análise
Devemos procurar encontrar princípios organizatórios (categorias mais amplas, ou molares), para depois classificar os indicadores (categorias moleculares). (exemplo p.61/62)
Vantagem: possibilidade de surgir dados novos e diversificados. (exemplo p. 63-65)

Requisitos para a criação de categorias
Exclusão mútua – princípio único de classificação
Pertinência – a categoria deve estar adaptada ao material de análise escolhido e ao quadro teórico definido
Objetividade e fidedignidade – uma determinada matriz de categorias, devem ser codificadas da mesma maneira, mesmo quando submetidas a várias análises
Produtividade – possibilidade de oferecer resultados férteis em índices de inferência, em hipóteses novas, e em dados relevantes para o desenvolvimento de teorias.

sábado, 29 de setembro de 2007

Modelo do Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO


São Paulo, de de 2006.



TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Solicitamos sua autorização para a realização de aplicação de questionário (ou formulário, ou realização de entrevista) com o objetivo de estudo do tema ...............................................

Tal trabalho está sendo orientado pelo professor responsável pela disciplina Técnicas e de registro e observação Psicológica que assina abaixo este documento. Os dados obtidos serão absolutamente sigilosos e em momento algum divulgada a identidade dos participantes. È garantido o direito de desistência do participante em qualquer momento da pesquisa. Por estar de acordo com a participação e consentir no uso dos dados obtidos para o relatório de pesquisa (sempre preservada a identidade dos participantes) assinam abaixo:



Participante: ___________________________________



Representante do Grupo: _________________________



Professor orientador: _____________________________